sábado, 26 de março de 2011

Personagens Bíblicos – Caim

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De Caim é dito na Escritura que é o primeiro filho de Adão e Eva, ou pelo menos o primeiro filho varão (cf Gn 4.1).

A história de Caim está em grande parte atrelada à vida de seu irmão, Abel, a quem matou, sendo este o primeiro homicídio registrado na bíblia. O assassinato de Abel parece estar relacionado à inveja de Caim, pois aquele tinha os seus sacrifícios aceitos por Deus ao passo que a oferta de Caim era rejeitada (v. 4 e 5).

Em Hb 11.4 temos que “pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo”. Isto nos faz refletir sobre em que residia a diferença entre o melhor sacrifício, donde haver o entendimento de que enquanto Abel trazia ao Senhor dos primogênitos das suas ovelhas Caim provavelmente não privilegiasse o melhor da sua lavoura (cf. v. 3 e 4). Há ainda a palavra do apóstolo João de que as obras de Caim eram más (1 Jo 3.12).

S.E. McNair sugere, entretanto, que a diferença entre os sacrifícios estava no fato de que desde o início, a partir da história do primeiro pecado e do primeiro sacrifício, sabia-se que um tipo de oferenda envolvendo folhas de figueira foi preterido pelo sacrifício de um animal, pelo fato de neste haver derramamento de sangue. Por não haver sangue em sua oferenda, “Caim, que trouxe o fruto da sua lavoura, devia ter compreendido que isso não seria uma oferta que Deus pudesse aceitar”[1].

Depois de assassinar a seu irmão, Caim foge de diante da face do Senhor. Ao receber de Deus o castigo de não mais ter seus esforços para extrair o sustento da terra abençoados (cf. v. 12) lamenta o fato de qualquer um que o encontrasse pelo caminho tentasse matá-lo. O Senhor então lhe dá um sinal para que isso não ocorra (cf. v. 15).

Caim, então, depois de sair de diante do Senhor, casa-se e edifica uma cidade à qual dá o nome do seu filho Enoque (v. 17).

Há muita especulação sobre com quem Caim teria se casado, dado o silêncio da bíblia sobre quem existia na terra nessa época. S.E. McNair nos diz: “com uma de suas irmãs”. Lembra-nos ainda de que “casamentos entre parentes foram proibidos uns 2500 anos mais tarde (Lv 18.6)” e que como Adão gerara filhos e filhas“, quando Abel morreu provavelmente havia muito mais gente no mundo do que se pensa”.[2]

O nome de Caim significa aquisição.[3]


[1] S. E. McNair. A Bíblia Explicada. Rio de Janeiro: CPAD, 1985, p. 21.
[2] Idem, Ibidem.
[3] A Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 38.

2 comentários:

Anônimo disse...

A história de Adão e Eva e de seus filhos Caim e Abel, quanto ao ponto de vista exegético, foi apenas um escrito de caráter intelectual da tradição Sacerdotal, na qual Deus aparece como um oleiro, alguém que cria, que modela e em que Caim e seu irmão são apenas uma forma limitada de explicar o começo da história estúpida de um povo. Para o Pe. Juanes Buschöstch, atualmente professor do Seminário Maior de Teologia exegéticada da cidade de Milão, os textos da vocação de Abraão para trás não devem ser vistos como histórias real e verdadeiramente acontecidas e sim como uma explicação limitada do ser humano às questões criacionistas do mundo e do homem.

Francisco Sulo disse...

O Pe Juanes tem uma visão interessante sobre os textos pré-abraâmicos, mas é apenas mais uma visão sobre o assunto.

Particularmente acredito num tipo de inspiração da bíblia que a considera literal inclusive no que diz respeito à criação.

Evidentemente que deve haver muito tempo omitido pela narrativa bíblica entre o primeiro versículo da bíblia e o segundo, cujos eventos fogem à compreensão humana, mas considerar os primeiros personagens e os eventos que os envolvem em meras analogias da criação parece algo arriscado, sobretudo quando se crê nisso.

Caso eu considere determinadas partes da bíblia verdadeiras literalmente ou meramente análogicas caio numa problemática que envolve o fato de eu não ter um critério para definir o que é verdadeiro ou falso, literal ou analógico, inspirado ou não.

Daí eu considerar tudo literalmente e todos os textos totalmente inspirados, exceto quando a própria Escritura prescreve o método que deve subjazer à leitura de um determinado texto.